As opções, os riscos e o optimismo

Há cerca de um ano atrás conheci uma pessoa. Ele é um grande amigo de uma amiga minha, mas também do meu actual colega de casa. Daí que a nossa relação tenha tido grande apoio de todas as pessoas à nossa volta. O nosso relacionamento começou sempre com a sombra da ida dele para os Estados Unidos, em Janeiro deste ano. Mas apesar disso eu não me afastei dele e ficámos cada vez mais próximos até ao dia em que ele foi embora.
À partida dele, ficou claro que não tínhamos uma relação oficial, mas também percebemos que não íamos conseguir deixar de falar um com o outro. As semanas foram passando e ele foi insistindo para eu ir lá visitá-lo. Depois de muito pensar, de decidir que ia, e que não ia, e que ia de novo, lá comprei o bilhete e fui mesmo. Perante a insistência dele, até as pessoas mais cépticas em relação a esta loucura cederam e aceitaram a viagem como um risco calculado.
Quando no dia 5 de Março cheguei à Florida, devia ter percebido logo ali no aeroporto que a coisa estava a começar mal. Tive imensos problemas na fronteira, tive mais tempo ainda sozinha no aeroporto à espera dele... Na manhã seguinte pegámos no carro e fomos para o sul da Florida, o suposto paraíso estava possuído por uma tempestade tropical, o que nos obrigou a voltar no dia seguinte. Voltámos para a zona onde ele vivia, e logo nessa noite - numa festa - alguém falou demais. Ele ainda tentou justificar-se e eu sem provas de nada, tive que me contentar com o que ele disse. Sozinha, no outro lado do mundo, não tinha outra opção senão acreditar.
Os dias foram passando, a nossa relação cada vez mais perfeita, mas eu cada vez mais desconfiada. Até que no último dia, por lapso, ele deixou o facebook dele aberto, nos primeiros segundos pensava que estava na minha conta, depois percebi que não e fiz o que nunca devia ter feito (ou talvez sim...) - fui ver as conversas. Vi o que não queria logo nas primeiras linhas, e depois li quase tudo até meados de Fevereiro. Desesperada fiz a mala e liguei para uma amiga - a minha actual colega de casa- que tinha lá vivido no ano anterior, tentámos arranjar maneira de eu ir para o aeroporto sem ele, mas foi completamente impossível. Ao fim de um bocado quando ele voltou para casa, confrontei-o, ele tentou negar, tentou explicar o que era inexplicável... Fizemos a ultima refeição num silencio cortante e ele foi levar-me ao aeroporto.
Quando voltei, o choque foi geral, ninguém queria acreditar no que tinha acontecido... Como é que alguém podia ter querido levar-me para o outro lado do mundo, se já lá tinha outra pessoa... Ainda hoje não percebo, nunca vou perceber!
Mas isto tudo para dizer, que esta noite, a tal amiga que vive comigo (e que um dia eu vi chorar por causa desta minha história) vai fazer o mesmo. Vai ao outro lado do mundo ver o namorado, uma relação mais longa e mais estável, mas mesmo assim é sempre um risco. Tenho tentado sempre fazer com que a minha má experiência não envenene a relação deles. Acredito nele e acredito que nada de mau vai acontecer e por isso dei-lhe um conselho "não vás à procura de nada, mas também não sejas cega perante as evidencias"

Mas a viagem valeu por estas fotos

P.s: Escusado será dizer que só vou descansar quando ela voltar para casa, feliz!