Volto a escrever aqui com a sensação que estou no caminho
certo. Ainda sem certezas, essas só com o tempo. Por agora só a consciência que
muito em mim mudou. Uma mudança só possível com o corte absoluto, o abrir de um
espaço que se tornou intransponível.
Voltei a encontrá-lo. Estive com Ele braço a braço num
almoço. Não queria vê-lo, estava a gostar de deixar o tempo passar e a
afastar-nos. Sob pena de mitificar a sua existência cedi a medo. Não queria,
mas precisava de vê-lo. Precisava para saber como ia reagir e reagi como
somente me permiti, calma e serena, segura de mim, da minha decisão e de uma
vida que é tão melhor sem a sombra dele.
Não fui fria nem simpática, somente educada. Não dei espaço
a conversas, porque quando tudo já foi dito e nada sortiu efeito, mas vale
ficarmo-nos pelo silêncio. O silencio é a forma mais confortável de estar com
alguém com quem eventualmente iremos conviver na vida mas que não fará parte
dela.
O silencio, aqui, sabe cada vez melhor. O vazio é cada vez
menor. A vida decididamente é tão melhor sem Ele.
Caramba que este foi um longo caminho… ainda não posso dizer
que estou resolvida. Porque só no dia em que eu não lhe desejar mal saberei que
o caminho terá sido feito. Até lá continuo a viver com a sensação que pessoas
assim merecem, também, tropeçar e cair na lama.
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